Tragédia

Irmã de artista diz que testemunhas viram carro em alta velocidade

Amanda Freitas era grafiteira e foi sepultada nesta segunda (16)

Cabocla retratava ancestralidade e origens em seus trabalhos
Cabocla retratava ancestralidade e origens em seus trabalhos |  Foto: Rede social
 

A irmã da grafiteira e artista plástica, Amanda Freitas de Assis, de 25 anos, diz que testemunhas viram o carro em que ela estava em alta velocidade e fazendo derrapagens pouco antes de capotar e matar a jovem

Amanda foi a única vítima do fatal acidente que ocorreu em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, no início da manhã do último sábado (14). Uma amiga, Laiz Britto e o motorista do carro, Paulo Cesar Bocanera Santos Junior, estavam no veículo. Laiz foi a única levada ao Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), com escoriações leves, após o acidente. Ela já recebeu alta. 

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O corpo de Amanda, segundo a família, ficou das 6h, quando ocorreu o acidente, até às 12h no local do acidente. Ela foi sepultada no início de tarde desta segunda-feira (16), no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo. 

“Esse Paulo seria um ficante ou amigo da Laiz e ele queria fazer uns ensaios fotográficos com ela. Eles saíram nessa noite para uma boate e depois que saíram foram para a casa dele fazer as fotos. Tem testemunhas dizendo que às 6h viram o carro em alta velocidade, derrapando e foi quando ocorreu o acidente na qual ela caiu, se machucou e faleceu. A gente está devastado, arrasado. Ela ficou horas debaixo daquele carro, sem ninguém ajudar. A polícia chegou achando que poderia ser indigente por não ter nome, identidade, celular e nem nada”, disse Bruna Freitas de Assis. 

A irmã também rebateu a informação de que o acusado de causar o acidente alega que não teria fugido do local. “A polícia disse que não tinha ninguém no local. Está defendendo um cara que matou a própria amiga”, afirmou.

O motorista, Amanda e as outras envolvidas passaram a noite anterior juntos. O acidente ocorreu por volta das 6h. O celular de Amanda segue com a mãe de Paulo.

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“A mulher chegou a dizer que estava com o filho no hospital e que estava passando mal. Ela me respondeu colocando as tristezas dela. Essa senhora queria me entregar hoje o telefone, no terminal de Niterói, às 13h. Eu disse que não poderia porque seria o momento no qual eu enterraria a minha irmã. A mãe dele disse que não tinha culpa se minha irmã estava sem cinto no momento do ocorrido, eu a confrontei porque o Paulo disse que a Amanda estava com cinto no momento do ocorrido”, contou. 

Enterro de mulher morta em acindente na região oceânica de Niterói
Enterro de mulher morta em acindente na região oceânica de Niterói |  Foto: Marcelo Eugênio
 
Tem testemunhas dizendo que às 6h viram o carro em alta velocidade, derrapando e foi quando ocorreu o acidente na qual ela caiu, se machucou e faleceu. A gente está devastado, arrasado. Ela ficou horas debaixo daquele carro, sem ninguém ajudar Bruna Freitas, irmã
  

Até o momento, Bruna disse que Paulo não falou nem com ela, nem com seus pais. Amanda, mais conhecida como Cabocla, era uma artista conhecida em São Gonçalo. Ela pintou alguns murais pelo município e participou do projeto ‘Cidade Ilustrada’, que pintou fachadas de viadutos da cidade. 

Homenagem

Amanda foi a única vítima fatal do acidente
Amanda foi a única vítima fatal do acidente |  Foto: Rede social
  

O empresário João Philippe Garrido, de 39 anos, trouxe para o enterro dois quadro de Amanda. Ele era amigo da vítima. A ideia dele foi expor eles como se fosse num acervo na capela que a vítima estava sendo velada. 

“Eu era amigo da Amanda e ajudava ela no que ela precisava nas obras, levar, buscar as coisas. Eu vim fazer uma última homenagem para ela. A Amanda era muito querida, queremos saber de fato o que aconteceu. O rapaz que estava com ela não prestou condolências e nem nada para a família. Eu tive que resgatar minha amiga morta”, contou. 

João contou que Amanda passou em sua casa na noite anterior do acidente. Depois disso, Amanda foi com a amiga Laiz para uma boate em Niterói, onde ficaram até às 5h da manhã e beberam. Depois, eles foram para Camboinhas e trocaram de carro, foi quando começaram a andar no veículo que ocorreu o acidente. 

Parentes e amigos deram o último adeus a jovem em São Gonçalo
Parentes e amigos deram o último adeus a jovem em São Gonçalo |  Foto: Marcelo Eugênio
  

“Amanda tinha muitos planos. Estava com propostas para sair do país, com propostas para ir para outros estados. Iríamos agora para o Universo Paralelo, no dia 24, mas não conseguimos ir. Ela estava motivada, esse ano seria próspero para ela. A Amanda estava pintando esses últimos quadros há um mês mais ou menos. Nos seus trabalhos, ela geralmente usava as formas dela, do corpo dela nas personagens. Era uma pessoa especial, sensível e talentosa. É uma perda irreparável! A melhor de nós se foi, a mais fiel, a mais leal e era de verdade mesmo, ela fazia de tudo pelos amigos dela. Falava que era a mãe das amigas dela”, contou. 

A família de Amanda planeja expor suas obras de arte em uma espécie de acervo na casa dela, em Itaipuaçu. 

O que diz a Polícia 

Segundo a Polícia Militar, agentes do 12° BPM (Niterói) foram acionados para uma ocorrência de acidente de trânsito nesta manhã. No local, os militares encontraram as vítimas, ambas de 24 anos, dentro de um veículo tipo UTV capotado na Avenida Beira Mar. 

Amanda morreu no local e Laiz foi levada para o Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, com um ferimento no braço. De acordo com a direção, ela foi atendida e já recebeu alta. 

O corpo de Amanda só foi reconhecido algumas horas mais tarde pela empresária da jovem. 

O delegado Lauro Rangel, da 81ª DP (Itaipu) informou que a equipe está empenhada no caso e que tudo deve ser esclarecido ainda nessa semana. O condutor já foi identificado, mas ainda não se apresentou na delegacia. 

“A perícia já foi feita no local. Outra vítima será ouvida tão logo essa restabeleça. Esse tipo de veículo, quero ressaltar, não é recomendado para andar no asfalto, ele é apenas para fazer trilha, mas as pessoas usam ele irregularmente para fazer coisas cotidianas. Fica um alerta sobre essa questão da fiscalização por parte das autoridades competentes. Esse veículo não é permitido em vias públicas, no asfalto e em atividades corriqueiras, como ir a banco, levar crianças na escola, ir à praia”, afirmou. 

Segundo ele, informações iniciais indicam que o motorista não estava no local do acidente. “Quando o socorro do corpo de bombeiros chegou ao local, o motorista teria se identificado pelos socorristas, mas depois se evadiu e não aguardou no local a chegada da polícia militar e os demais procedimentos. Ele está identificado, vamos tentar agora localizá-lo e se constatarmos que ele está se escondendo para se eximir de responsabilidade, existe a possibilidade de ser representada ao juízo competente pela prisão preventiva dele ou até mesmo uma temporária, dependendo da capitulação correta que a gente entender e atribuir ao caso”, contou. 

O que diz a defesa

O advogado Paulo Fortunato informou que seu cliente, o Paulo, irá se apresentar na 81ª DP (Itaipu) ainda na tarde desta segunda-feira (16). A defesa também contestou a informação de que ele fugiu do local do acidente.

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